sexta-feira, 25 de abril de 2014

Compro um violão ou uma guitarra?

Faz tempo que estou devendo algumas postagens, principalmente quanto a letras de música. Porém, vou começar com outras dicas de fundamental importância para o músico/compositor iniciante, que pretende comprar um instrumento para iniciar-se na música com instrumentos de corda. Então, grosso modo, a pergunta mais comum nessa escolha é: ”Compro um violão ou uma guitarra?”. E sobre isso quero falar hoje. Aviso que o violão que levarei em consideração aqui será o de náilon (nylon), pois pretendo fazer outra postagem indicando a diferença entre o violão com cordas de náilon e o violão de cordas de aço.

Quando no meu início com a música, eu pensava assim: “Tanto faz, porque os dois são iguais; a diferença é que um é acústico e o outro elétrico”. Porém, não é somente isso, vai muito além.

Tudo o que escrever a partir daqui são regras gerais, ou seja, sempre haverá um ou outro estudioso que poderá questionar e encontrar uma ou outra exceção. Porém, repito, escreverei em REGRAS GERAIS e para aquele que é INICIANTE, logo, esta postagem não é para especialistas.

O violão é para quem deseja aprender e tocar em casa, numa pequena reunião de amigos, isto é, em pequenos ambientes onde não seja necessário maior volume. No geral, a pessoa se acompanha e canta, assim como também cantam os amigos. É um instrumento de integração, pois sempre irão lhe pedir “toca essa, toca aquela... toca Raul...”, e por aí vai.


Também, é utilizado para estudos e execução de música instrumental e/ou clássica, a qual, por não acreditar ser seu caso, não me estenderei no assunto.   

A guitarra surgiu do violão por uma necessidade de se obter maior volume, principalmente pelos músicos que tocavam em orquestras e big bands (grandes bailes, festas etc.). Logo, é um instrumento que foi sendo desenvolvido, inclusive suas técnicas de execução, para se TOCAR EM GRUPO.


Então, Marcio, quer dizer que as técnicas de execução de um e de outro instrumento são diferentes, é isso? Exatamente isso. Eu, por exemplo, toquei guitarra muito tempo como se fosse violão, o que você também pode fazer, mas não soa bem em uma banda. Quando se toca em grupo, existe uma bateria (ritmo), um baixo (ritmo e harmonia), um teclado (harmonia, ritmo, melodia) e uma ou até duas guitarras (e irão soar iguais?), além de outros possíveis instrumentos.  Logo, o guitarrista precisa se integrar a esse todo buscando “seu espaço” sonoro.

Olhando por outro lado, para ver se facilita a compreensão, quando se toca violão sozinho, você costuma fazer acompanhamento para alguém cantar de modo a fazer soar algo mais “global”: ritmo, baixo, harmonia, melodia etc., tudo junto. Na guitarra, você apenas executa pequena parte disso, pois necessita se integrar ao grupo (seu som se integrar à banda). Também, no geral, o violão se toca diretamente com os dedos; a guitarra, com palheta (para se obter maior volume).


Sei que existe, por exemplo, os grupos chamados “regionais”, composto de instrumentos acústicos (inclusive violão) que acompanham cantores e/ou fazem música instrumental, mas isso já é outra história, é um som mais intimista, uma execução acústica.


Então, daí vem a principal pergunta? O que você quer fazer? Cantar, fazer música e se acompanhar? Violão. Quer montar uma banda, fazer um monte de solos com distorção? Guitarra.

Ah, quero fazer os dois… Então, compra primeiro o violão e depois a guitarra. Aprendendo violão, óbvio, a seguir, fica fácil aprender a tocar guitarra. Ao se comprar o violão, basicamente, por si só, ele se basta (menor custo). Quanto à guitarra, precisa cabo, correia e amplificador (maior custo).  Com o violão, você viaja, se desloca a qualquer lugar mais facilmente; com a guitarra, nem tanto.

Ah, mas não posso comprar um violão elétrico? Pode e até deve, mas se tocar em alto volume (numa banda, por exemplo) ele realimenta o sistema de som, dá feedback, isto é, microfonia (aquele agudo insuportável).  E se pegar um professor de violão, ele vai te ensinar a tocar “violão”; se pegar um professor de guitarra, ele vai te ensinar a tocar “guitarra”. A teoria musical é a mesma para todo e qualquer instrumento (bateria, piano, baixo, cavaquinho, banjo, violão, guitarra, saxofone, flauta etc.), mas as técnicas de execução (ainda que similares) são específicas para cada instrumento.


No geral, é isso. Espero ter ajudado, e aguarde postagens complementares sobre o tema.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Compra de instrumentos musicais pela internet (DICAS UM)

Faz tempo que eu fiquei de postar algumas dicas de compra de instrumentos musicais pela internet. Portanto, irei fazê-lo em duas etapas. Esta primeira, compra direta do site de lojistas e/ou fabricantes e, depois, uma segunda, com macetes para compra nos sites de vendas como Mercado Livre, Bom Negócio, OLX e Ali Express (que exigem diferentes cuidados).

Primeiramente, cuidado com compra direta dos fabricantes que vendem a prazo e irão ainda produzir seu instrumento e/ou equipamento. Sei que é difícil generalizar, porém, é sempre uma compra de risco. Como você deve ter lido no blog, eu tive um sério problema com a Walczak ainda em situação a ser resolvida (espero que breve). Vendem, você assume um compromisso de pagar, geram duplicatas, fazem factoring (descontam seu título com instituições financeiras) e, ainda que não lhe entreguem ou atrasem o quanto quiserem, você tem de ficar quieto e pagar rigorosamente em dia caso não queira ser protestado.


Pelo que soube, com esse fabricante, cerca de sessenta (60) consumidores foram logrados e/ou tiveram sérios problemas para receber seu produto. A empresa não mais existe e não sei se cumpriram com a entrega de todas as vendas realizadas. Na data em que escrevo, ainda estou tentando obter ressarcimento da empresa que ocupa o endereço da antiga empresa, uma espécie de sucessora. Caso se cumpra o combinado, prometo postar a finalização do acordo (caso está na Justiça Estadual).

No geral, vendem, descontam o título, não tem planejamento financeiro e, depois, não conseguem mais comprar material para a fabricação do que já foi vendido. Porém, na hora inicial da compra, todos se dizer absolutamente sérios e competentes. Portanto, antes de fechar o negócio, sugiro pesquisa no Google, algo como “problemas com a marca xis”, ou uma pesquisa no site Reclame Aqui. Encontrando problemas graves, caia fora.


É sempre mais seguro comprar em lojas credenciadas, principalmente naquelas de maior tradição no mercado. As principais que conheço há anos, realizei várias compras e recomendo, são duas: Made in Brazil e Playtech.

A Made in Brazil é distribuidor de algumas marcas como Dean, Tanglewood e Martin, que eu me recorde de cabeça, e tem um atendimento diferenciado. Empresa antiga e séria no mercado, tem várias lojas, inclusive dentro da EM&T do Jabaquara (Escola de Música e Tecnologia, fundada pelo Wander Taffo). As consultas feitas por e-mail são prontamente atendidas e as dúvidas técnicas esclarecidas. Facilidade no pagamento, entrega rápida e produtos bem embalados. Pode comprar sem susto.

A minha predileta, porém, é a Playtech. Não porque tive a oportunidade de, no passado, travar relacionamento comercial com o dono, porém, pelo dinamismo. Pode-se dizer que é um pouco menos “elitizada” que a Made in Brazil, porém, tem ampla disponibilidade de produtos sendo mais agressiva comercialmente e sabe explorar muito bem as ofertas. Eles têm um calendário promocional e o site está sempre com ofertas e novidades. Adoro o “outlet” deles e as vendas casadas com o importador, como a Stagg, por exemplo, com bons produtos e preços honestos. Igualmente, distribui algumas marcas conhecidas. A minha predileta é a Blueridge, marca americana de violões de qualidade.

Já tive problemas com uma ou outra compra (o que é normal quando se realiza várias compras pela internet) e resolveram de maneira altamente satisfatória, mesmo com perda financeira para eles, logo, não lhe deixam “na mão”. Para quem procura eficiência e preço, é a melhor.


Outras que já comprei, fui bem atendido e recomendo. A Orango Rock que igualmente responde dúvidas técnicas e envia os produtos muito bem embalados. Também, onde alguns fabricantes desovam produtos expostos em feira, com pequenos riscos e ou avarias. Portanto, não deixe de checar o “outlet” deles. E a Musitech, de Maringá / PR, que costuma ter bom preço nos produtos. O Paraná tem uma questão de menor ICMS, algo assim, o que dá uma ajuda nos preços. Realizei umas duas ou três compras, conheço quem também o fez, e deu tudo certo. Não tem a agilidade e a organização de uma Playtech e/ou Made in Brazil, mas demonstraram seriedade e atendem bem quando surgem problemas.

Tome cuidado, pois no Paraná tem algumas lojas que costumam dar problemas de natureza variada (evitarei citar nomes). Cheque sempre no Google antes de comprar.

Conheço outras boas lojas, inclusive no Rio de Janeiro, porém, somente vou falar daquelas onde realizei compras, portanto, indicar com conhecimento. Logo, evito citar se não tive a experiência prática. Quanto ao endereço dos sites, é fácil: joga no Google.

As vendas pela internet estão em um crescente e muito lojista pequeno e/ou vendedor imbuído de má fé faz uso de práticas eticamente condenáveis ou até criminosas, sobre o que falarei em postagem futura.

Portanto, antes da compra, depois de pesquisar sobre o produto e preço, não se esqueça de checar a idoneidade daquele que está lhe vendendo o produto. E, na dúvida, evite problemas, pois um pequeno desconto no preço hoje pode representar uma grande dor de cabeça futura.




Bem-vindo a Cuba

Conforme comentei em minha última postagem, sobre as “sutilezas do preconceito”, ando triste e preocupado com a violência que tem se propagado pelo mundo, principalmente em nosso país, a qual se encontra em altos índices e engloba as mais distintas áreas.

Agora há pouco, recebi um e-mail de um amigo pedindo que eu assistisse a um vídeo e tirasse minhas próprias conclusões. Resultado, assisti e não gostei do que vi e ouvi, por isso a postagem.

Não se trata de campanha política (sou apartidário), mas não compreendo muito bem algumas formas de pensamento e fiquei chocado porque, a princípio, tinha um melhor conceito da pessoa em questão, Marilena Chauí, a quem, infelizmente, me cabe discordar radicalmente apesar de respeitar os significativos estudos e o reconhecimento acadêmico que possui em sua área (não compartilhei da maconha marxista uspiana).

Trata-se do ódio que esta declara à classe média. Então, quem não viu, primeiramente, assista ao vídeo e “Acredite se Quiser”.


O que temos aqui expresso vai além de conceito filosófico, ideologia ou seja lá o que for, mas “ódio” e isso nos leva a mais divergência e questionamentos, mais instigação de luta e divisão entre brasileiros. É rancor, sentimento que afasta, que gera confronto, luta armada, violência.

Porém, o que não consigo entender é o tal conceito de “classe média” a que ela se refere, talvez eu seja burro demais e a Marilena inteligente em excesso. Assumo que minhas duas faculdades, uma pós, alguns prêmios literários e muita leitura (tudo por conta própria) nem chega perto do conhecimento adquirido por essa senhora ao longo dos anos de estudo e pesquisa (bancados pelo Estado), além da posição honrosa que ela ocupa dentro do PT. Assumo que mal arranho o grau de conhecimento dessa pessoa.

Para que o conceito de classe média não se transforme em mera figura de retórica cuja definição varie de acordo com o interesse do momento (*), vou me basear numa pesquisa realizada em 2014, do livro “Estratificação Socioeconômica e Consumo no Brasil”, escrito pelos professores Wagner A. Kamakura (Rice University) e José Afonso Mazzon (FEA-USP), a divisão de classe média (em RENDA MÉDIA FAMILIAR) é a seguinte:

Baixa classe média:  R$ 2.674,00
Média classe média: R$ 4.681,00
Alta classe média:    R$ 9.897,00

Quanto à legitimidade dos números, acesse:


Portanto, a Marilena Chauí literalmente odeia todos os brasileiros que tem renda familiar entre R$ 2.674,00 e R$ 9.897,00. Ela somente ama aqueles que ganham abaixo disso (pobre, vulnerável e extremamente pobre) (que somente esses são “trabalhadores”) e ama (mais ainda) os que ganham acima disso (baixa classe alta e alta classe alta).

Se você assistiu ao vídeo, todos ali na mesa são classe alta (renda familiar acima dos R$ 9.897,00) e muito me admira um ex-presidente do país ainda aplaudir uma declaração dessas. E, ao fundo, um cartaz “pós-neoliberais do Brasil: Lula e Dilma”. Honestamente, é chocante.

Portanto, segundo esse pensamento, de acordo com a política do PT, vamos ter nos próximos anos de governo (caso a Dilma se reeleja) a seguinte estratificação social: trabalhadores (com RENDA FAMILIAR abaixo de R$ 2.674,00) e pertencentes ao partido (que aí sim, ganharão mais de R$ 9.987,00). Em minha opinião, existe a tendência de se instalar uma ditadura de esquerda no país. Vide o link abaixo:


Portanto, caso sua renda familiar esteja acima de R$ 2.674,00 comece desde já a se esforçar para trabalhar e ganhar menos, reduza seus esforços para melhorar de vida (seja apenas UM TRABALHADOR), e comece a pedir auxílio financeiro ao governo ou, melhor, filie-se ao partido que, assim, poderá melhorar a sua renda. E se tiver um segundo imóvel, venda logo antes que dele se apropriem.

Seja bem-vindo, amigo, a Cuba ou, se preferir, à neo-Venezuela.


(*) Uma amiga petista, que tinha patrimônio e renda maior do que a minha, se considerava do proletariado e eu da "elite", apenas porque eu não votava na hipócrita da candidata dela e morava "perto da praia" (e ela tinha carro zero enquanto eu andava de ônibus). Outra petista, que tinha inclusive uma pequena empresa, de acordo com sua conveniência, me considerou "fascista higienizador" porque a contestei dizendo não querer drogado-cachaceiro flanelinha acharcando quem estaciona em via pública tampouco fazendo suas necessidades em vias públicas, junto à porta de minha casa. Segundo ela, eles tem o direito de ficar onde quiserem; acharcar quem quiserem; beber e fumar o que quiserem, assim como cagarem na porta de quem quiserem. Viva o Brasil...

Em tempo: fico feliz que não somente eu, mas outras pessoas, inclusive programas de tevê, como da Cultura, questionaram seriamente o equívoco histórico dessa senhora.

sábado, 15 de março de 2014

As sutilezas do preconceito

Provavelmente, do mesmo modo que o leitor, também considero essa história do politicamente correto “um porre”. Por causa dela, muitas vezes, acaba-se “perdendo a piada”, a graça do momento. Porém, a violência em nossa sociedade está em patamar tão elevado que, preocupado, me leva a escrever este artigo.

Mas o que tem a ver uma coisa com a outra?


É que tenho assistido, na maioria das vezes revidado, a algumas brincadeiras feitas por amigos cultos que, acredito, sem terem pensado um pouco mais no tema, acabam fazendo postagens de “gozação”, principalmente pelo Facebook, e, talvez, a principal delas é chamar os sãopaulinos de bambi. Tenho revidado, não pelo fato de ser torcedor desse clube, não por considerar que isso me ofende pessoalmente (tenho minha sexualidade muito bem resolvida) ou ao grupo de torcedores, mas por considerar que se trata de gesto que, socialmente, alimenta discórdias e violência. Explico.

Toda forma de estigmatizar é reduzir o indivíduo a integrante de determinado grupo e, a partir daí, pelos mais diversos motivos, justificar a agressão contra um ou outro. Homossexuais, mulheres, negros, nordestinos, torcedores de clube, têm sido agredidos diariamente por esse mesmo princípio: esquece-se sua condição de humano, de indivíduo sujeito a sua condição de nascença e/ou livre arbítrio e começa este a ser considerado apenas como integrante de indesejável grupo, com defeitos congênitos, portanto, dentro dessa forma de pensar, devem ser eliminados.


Então, consideramos “brincadeirinhas” mais estamos alimentando (e estamos em 2014) esses mesmos estigmas arcaicos e preconceituosos no inconsciente coletivo de uma sociedade já hipócrita por natureza (a brasileira). Como exemplo, tomemos os casos recentes contra os jogadores negros chamados por “macaco”. Ora bolas, então, vamos justificar como “brincadeirinha”, ou então, que “que mal tem nisso?”. Mas são nesses pequenos detalhes que mora o perigo.

Portanto, reduz-se o negro a “macaco”, a um animal, logo, sujeito à violência, à agressão, a lhe ser negado um emprego ainda que o candidato mais qualificado etc. e etc. O mesmo raciocínio ao se considerar todo homossexual como sãopaulino-bambi (assim justifico minha agressão contra esse grupo). Quanto mais reduzo, mais facilmente me agrupo, identifico e ataco. 

Além de ser crime, todo aquele que chama um negro de “macaco”, ainda que seja efetivamente branco, esquece-se de que, segundo Darwin, todos somos descendentes de macacos e, com certeza, este energúmeno está muito mais próximo do “macaco” do que aquele a quem ele se dirige.


Homossexuais são homens livres que torcem pelo time que quiserem, têm livre arbítrio. Por favor, não os reduza a objetos, à sua preferência sexual, não os condicione a este ou aquele time, não os discrimine, ainda que de forma despretensiosa, “foi apenas uma brincadeirinha”. Por favor, não ajude a alimentar a discórdia e a violência contra esses grupos considerados minoritários.

Era a minha mensagem para hoje e, por favor, pense um pouco mais sobre o assunto.




sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Press Release de Livros Técnicos

Olá, amigos músicos e/ou escritores. Conforme o pessoal já sabe, além da literatura, sou um estudioso de Produção Textual e desenvolvo, à medida do possível, estudos nessa área há anos. Porém, nunca divulguei esses trabalhos. Agora, com a finalização do livro sobre técnica de escrita de letras musicais, resolvi também publicar um livro anterior sobre técnica de escrita literária que já me foi muito solicitado por escritores e estudiosos de Guimarães Rosa, e eu enviava em PDF.

Sobre o estudo das composições musicais, a criação de letras, irei postando informações complementares aqui no blog.

Finalizando, os dois estão disponíveis aos interessados em www.agbook.com.br, em papel ou e-book, basta buscar por Marcio Callegaro, ou clicar no link abaixo, se estiver acessando aqui direto do blog.



Então, é isso. Abaixo segue maiores detalhes sobre os livros.


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Trata-se de material inédito em termos de Brasil, no qual o leitor aprenderá, em 18 capítulos, os principais recursos para se desenvolver, de forma efetiva, na escrita de letras para canções populares; seja um músico experiente ou apenas um compositor iniciante. O autor, que tem especialização acadêmica em Teoria da Literatura, é músico amador desde adolescente tendo se iniciado na escrita de letras musicais muito cedo. Por escutar grande número de canções com letras deficientes em detrimento de ótimos arranjos, gravações e interpretações, optou em escrever esta oficina a fim de que o compositor não somente evite os erros grosseiros, mas, também, aprenda a usar recursos da língua, principalmente imagéticos e sonoros, os quais atribuem valor ao texto. Desse modo, também, acredita que agentes musicais, produtores e os próprios intérpretes poderão evitar certas músicas com falhas gritantes em suas letras, como as encontradas hoje, de modo a otimizar o retorno do capital investido.

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Este estudo foi realizado basicamente como apoio técnico a escritores de literatura, demonstrando o amplo leque de possibilidades quanto à utilização dos nomes próprios tanto para nomeação de personagens quanto de lugares fictícios. Extrapola os objetivos iniciais mostrando outra gama de recursos textuais utilizados por escritores de projeção, principalmente, João Guimarães Rosa. Deste, é feito o estudo base a partir de “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, conto de encerramento de “Sagarana”, uma das obras-primas do autor e considerado por Antonio Candido um dos contos mais perfeitos da literatura brasileira. Também, amplia conhecimento para estudiosos de técnicas de leitura e crítica literária, por mostrar a gama de interpretações possíveis a partir do conhecimento das técnicas utilizadas para nomeação. É um livro escrito por um escritor para outros escritores cuja principal fundamentação foi o relato e a análise da poética de seus congêneres. 

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Carta a Bety Calligaris

Querida Bety:
            
Como você bem sabe, não consegui nenhuma espécie de transferência naquele meu trabalho com a analista de cá e, assim, confesso certa decepção com tal sistema de tratamento, lembrando que conversar contigo sempre foi — e continuará sendo — minha melhor terapia. Porém, escrevo-te hoje para lhe contar algo que me deixou perplexo, e somente quem tem bom conhecimento de minha pessoa, independente da psicanálise, pode entender o ocorrido.
            
Fui trocar aqueles livros que ganhei de presente da Tia, pois é difícil mesmo saber que não gosto de romances traduzidos, salvo raríssimas exceções. E a livraria estava lotada, cheia, fila absurdamente grande como nunca vi. Também, estranhamente falando, fui atendido rápido e por uma vendedora muito simpática. Bom, carta de crédito na mão, saí a procurar um livro de meu interesse e, aí assim, começa o inusitado da experiência.
            
Querida Bety, você bem me conhece e já me viu no passado numa dessas livrarias e sabe o quanto eu parecia uma criança numa loja de brinquedos. Contudo, fiquei por cerca de duas horas e entendi porque a livraria estava lotada: não consegui encontrar um livro só que me agradasse para efetuar a troca, ainda que eu disposto a pagar significativa diferença.


A literatura foi dominada pela mais completa banalidade, histórias de leitura fácil, rápida e um monte de seres imaginários. No setor de música, quase nada, paupérrimo. Acredite se quiser, rodei todas as estantes da livraria de três a quatro vezes, e não encontrei um livro sequer do meu agrado, em nenhum dos segmentos.
             
Ainda mesmo na área técnica, nada. Para dizer a verdade, o único que me interessou (lembranças da minha época do Liceu) foi o Prática das Pequenas Construções que foi revisto e atualizado. Porém, agora, são dois volumes e o primeiro deles encontra-se num valor alto, em minha opinião, para a quantidade de páginas: R$ 109,00.
         
Roda e roda, comecei a entrar em desespero, e apelei: mesmo contra meus atuais princípios, fui para o setor de literatura nacional. E, por mais que procurasse, não achei na estante nenhum livro do Guimarães Rosa ou do João Antônio. E dá-lhe livro de auto-ajuda, Ana Maria Braga, e por aí vai. Também, não encontrei nenhum destaque de autores nacionais mais recentes, como o Marçal Aquino ou o Mirisola (tem de ir na Livraria Realejo mesmo).
            
Quase desistindo, pensando em ir embora sem efetuar a troca ou doar meu cupom de reembolso para terceiros, eis que me deparo com o livro do Pondé, Contra um Mundo Melhor.

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Lembro-me de que você não gosta muito do Pondé, que ele vai por outra linha, ou algo assim, porém, é um livro de desesperança, que mostra que a vida não tem sentido e, portanto, a sociedade não tem mesmo solução.  Bety querida, ironicamente, foi a minha salvação para a troca do livro, pelo menos consegui encontrar algum autor que pensa, que avalia a sociedade contemporânea e critica o mundo em que vivemos. E, como o Hardy Har Har, não nos deixa nenhum resíduo de esperança.

           
Do lado de fora do ar-condicionado, os mendigos continuavam tomando conta da rua, dormindo ao lado de mochilas e baldes plásticos, estendendo aos transeuntes seus pés encardidos. Em pleno Gonzaga, outro dormia sem camisa, esticado na murada do shopping onde, logo após o pequeno jardim, três jovens rodavam “na boa” um baseado. Em outro ponto do trajeto, na presença dos pais, crianças subiam em monumentos públicos como parque de diversão fosse. E eu preciso tomar cuidado para não jogar um papelzinho de bala no chão ou a prefeitura me multa.
            
Chegando em casa, o bar daqui de baixo continua ocupando o espaço da calçada,  e também o meio-fio, sendo eu obrigado a caminhar pela faixa de rolamento. Do lado oposto, outro vagabundo drogado flanelinha continua sentado em sua cadeira de plástico e se alimentando com prato de vidro e garfo em pleno espaço público, deixando os restos na calçada, caso contrário perde a chance de achacar o motorista que tenta estacionar.
            
E o turista descarrega de seu carro 15 packs de cerveja para passar do dia de hoje até o a virada do ano, porque aqui na praia “vai ser o maior barato”.

        
O Genoíno e o José Dirceu vão continuar se dizendo inocentes e sentindo-se heróis injustiçados, enquanto o Lula vão continuar afirmando que não sabia de nada. A Dilma vai ser reeleita em 2014 e os governantes vão continuar alimentando essa miséria toda, dando uma série de benefícios ao povo carente. Teremos Copa do Mundo e Olimpíadas. E, de fato, vão continuar no poder por tempo indeterminado.


Querida Bety, somente agora entendi a minha mensagem do final do ano passado. Na realidade, os maias estavam certos: o mundo acabou mesmo em 12/12/12. Apenas se esqueceram de nos deixar avisados.

E dá-lhe pandeirinho...

Feliz Ano Novo.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ajuda social ou fascismo higienizador?

Algumas cidades do litoral, além dos tradicionais turistas, costumam receber um grande contingente de moradores de rua vindo de outras regiões.

Como pode ser rapidamente descoberto, a maioria esmagadora desses pedintes, sem-teto, chegou a esse estado por toxicodependência, alcoolismo ou problemas de natureza psiquiátrica. O estado de dependência química e moral dessas pessoas é tal que, por si só, dificilmente encontram forças de reação para saírem dessa situação que, sinceramente, considero muito estranho qualquer pessoa intelectual ou filosoficamente ativa possa considerar como escolha pessoal.


Ainda hoje, dei atendimento a um deles, um ex-diretor de empresa que, devido ao alcoolismo, chegou a essa situação de morador de rua, e saiu perambulando por aí. Perguntado, disse ser natural de Balneário Camboriu, Santa Catarina, e optou em morar na cidade de Santos porque, quando na ativa, veio fazer um trabalho aqui na cidade e gostou. Também, nesta cidade encontrou o auxílio-social que não encontra em sua cidade natal, e, por aqui, aos poucos, pretende retomar a vida.

No geral, a cidade oferece um aparato social de atendimento que, se não é perfeito, pelo menos, tem servido de modelo para outros municípios. E me orgulho de fazer parte de um deles, a Defensoria Pública da União — DPU, onde damos assistência jurídica a pessoas hipossuficientes. Portanto, é com contentamento que digo participar ativamente em conseguir juridicamente alguma ajuda financeira a essas pessoas por meio dos instrumentos legais existentes.


Há menos de duas semanas, um artigo do amigo e médico psiquiatra Thiago Fidalgo, coordenador de importante programa para dependentes químicos (PROAD/UNIFESP), publicado na Folha de São Paulo, de forma técnica, por meio de pesquisas da Fiocruz, divulgou que 80% dos dependentes de crack  desejam tratamento, mas somente 20% conseguem ter acesso ao sistema de saúde, e por aí vai. E da necessidade da forte intervenção do Estado em alimentação, moradia ou de alguém para simplesmente ajudar a tirar de novo os documentos perdidos. No caso de meu trabalho, a Defensoria da União auxilia nas questões jurídicas de BPC-LOAS, auxílio-doença ou aposentadoria, além de encaminhamento para outros órgãos públicos.


O que me incomoda, porém, e que me levou a escrever esse artigo?

É caso parecido ao que ocorre em Santos está acontecendo em Canasvieiras, uma praia de Florianópolis, e parte da população saiu às ruas exigindo providências dos órgãos públicos municipais, estaduais e ou federais, para a solução do problema.

E estão sendo tachados de fascistas, que desejam a “limpeza social” (!). São ameaçados fisicamente e universitários distribuem panfletos pró-moradores de rua (!).

Foto da manifestação, clique para ampliar

É óbvio que ninguém está querendo acabar com a pobreza querendo acabar com os pobres, como queria o Justo Veríssimo, personagem político clássico de Chico Anísio; mas sim atuação dos poderes públicos para minimização do problema. Basta assistir ao vídeo da mesa-redonda promovida na região e rapidamente isso fica bem claro. Então, de novo, por que fascismo higienizador?


Poderia ficar aqui elencando um grande número de inconvenientes e problemas trazidos por essas invasões de moradores de rua, porém, desnecessário me estender nisso. Prefiro expressar meu estranhamento quanto a considerar fascismo o fato de querer atuação dos poderes públicos em grave problema social. Um resquício, talvez, do pensamento da Sociedade Alternativa, de Raul Seixas, onde qualquer homem tem o direito de viver como quiser e morrer como quiser, como se você pudesse estacionar o seu veículo em local público, ligar um conjunto diabólico de caixas acústicas e promover bailes funks, como fazem, sem que os moradores do local possam reclamar de algo, porque “cada um tem o direito de fazer o que quiser de sua vida” (!).

Ou partem do pensamento de uma esquerda tendenciosa que tem interesse em se alimentar dessa miséria toda, e que não consigo abarcar? (lembrando de que familiares meus estiveram na fundação dos movimentos anarquistas e comunistas no Brasil, tendo sido o pensamento de minha família pautado nesta tônica ao longo dos anos).

Ajuda social, fascismo higienizador ou o quê?

Deixo ao cargo do leitor a resposta.