domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

Estamos próximos de mais um ano: algo se finaliza, algo se inicia.

Para a minha surpresa, o mundo não acabou, nem em 12/12/12 tampouco em 21/12/12. As profecias e os calendários maias erraram, a menos que o mundo acabe entre este domingo à tarde e a noite de terça-feira (o que não acredito mais que aconteça).


Todo final de ano é época de reflexão, quando costumamos avaliar quais dos nossos projetos foram efetivamente realizados e quais deixamos de lado ou, se preferir, quais morreram ou quais foram postergados no meio do caminho.

Poderia fazer uma retrospectiva de 2012, porém, assisti a feita pelo Globo e o amigo do blog que tiver interesse, acredito, ganha mais buscando o programa pelo YouTube.

Porém, como meu blog tem um caráter pessoal (afinal está em meu próprio nome) decidi escrever alguns pensamentos que me permearam à mente em minha reflexão de final de ano. 

Óbvio que num tudo pode ser revelado, porém, aqui vão os tópicos mais importantes, na ordem em que aconteceram.

Primeiro, descobri que o Facebook é muito chato. Também, que as pessoas estão mostrando cada vez mais sua vida particular como fosse pública, ou seja, em outras palavras, mudou-se o conceito de tínhamos daquilo que é particular ou público. E isso muda muito a relação que tínhamos com o mundo, pelo menos nós, os mais antigos, que já passaram da faixa dos 50.


Continuo apaixonado pela mesma mulher, continuamos nos amando e nos apoiando. Como funciona? Construa uma história de vida e um amor que seja incondicional (o que é deveras difícil nos dias de hoje). Quem quiser saber mais sobre o amor, leia neste mesmo blog o artigo Sobre o Amor e o Amar.

Grandes perdas exigem grandes lutos. Foi e está sendo o caso com a literatura. Mais de doze anos de fortes estudos, três anos de escrita para um único livro e, literalmente, jogados na lata do lixo. Quem ler (ou conseguir ler) em Bala com Bala, no primeiro parágrafo da página 161 (cuja numeração dos capítulos foi tirada pela editora), temos “Tudo o que me interessa é a literatura”. Daí, pode-se ver o tamanho da perda, e o meu afastamento do meio artístico em geral. 


Mas isso já gerou outro artigo no blog: “Auld Lang Syne” ou, se preferir “Farewell Waltz”, que foi, com certeza, o artigo mais doído do ano de se escrever.

Como curiosidade (e é verdadeiro), ainda não consegui ler meu romance na publicação da editora. Tentei por cinco vezes e desisti, é impossível a leitura, pior do que a de um desses livrinhos da Sabrina, muito pior. Sem contar outros problemas (deixa quieto).

Continuo de luto, me recuperando. Abandonei meu segundo romance, que se chamaria Entre homens e anjos.

Ainda nesta semana, fechei minha programação para 2013 e muito do que está a ser feito partiu de conversas descontraídas na noite de Natal e no dia seguinte, na cozinha de minha namorada, com pessoas extremamente inteligentes. E aqui deixo como reflexão para os poucos que, certamente, irão fuçar esta postagem no meu blog.


Por questões emocionais, não se agarre àquilo que está dando errado. É difícil saber o ponto, mas tentar salvar alguém (ou algo) que se afoga é alto risco, pois provavelmente irá se afogar junto.

Tente, invente, faça um 2013 diferente (aproveitando o antigo mote da Globo). Renovação é importante ou, em outras palavras, não seja ou não aceite águas estagnadas em sua vida. Minha musa nesse sentido foi a amiga Leila, que deu uma virada de mesa total, inclusive, mudando-se de Santos para Belo Horizonte. Em busca de renovação, oportunidades. Parabéns, Leila, pela coragem.

Pessoas vitoriosas são extremamente dedicadas a seu trabalho. Não tem jeito: do couro sai a correia. Harmonia é importante, condição econômica boa para a família é importante, não se deve ter “vergonha” de buscar melhoras econômicas em sua vida. É legítimo e justo (inclusive rendimento com a Arte).

Origami + Dinheiro = MoneyGami

Cada um de nós faz escolhas. O resultado será o esperado? Provavelmente não, porém, se serão bons ou ruins é difícil dizer, somente se saberá “fazendo”. 

Faça e entregue ao Universo, que se encarrega do resultado. Quando algo vai deslanchar, geralmente dá sinais logo de início, portanto, não se prenda excessivamente ao passado e a fatores emocionais. Mais uma vez, não seja água estagnada. Não deu certo: mude.

Família é importante, ética é importante, amizades são importantes.

Portanto, obrigado 2012; porém, que seja bem-vindo o ano novo. A todos os amigos (ainda que eu ausente): saúde, paz e prosperidade.

Até os maias erraram em suas previsões. Portanto, finalizo com a palavra de ordem: RENOVE, construa um mundo diferente.


Receba o ano novo de braços abertos.

Seja bem-vindo, 2013.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Walczak vende, mas não entrega

Há alguns anos, encontrei um instrumento aqui numa das lojas de Santos que me agradou bastante. Tratava-se de um violão maciço como um corpo de guitarra e com cordas de nylon: o violão Discovery, da Walczak. Conhecia um similar, feito por luthier americano, porém, não sabia que alguém por aqui o fabricasse. Apenas não fechei a compra de imediato porque desconhecia a marca e optei em conhecer um pouco mais do fabricante, e o fiz pela internet.


Na época, pelo que me recordo, o site era bastante básico, sem muitos atrativos e, em fóruns voltados para discussões de música, havia sérias restrições quanto a uma outra marca que, segundo entendi, deu origem à Walczak, e os problemas, pelo que comentavam, concentravam-se mais na parte administrativa do que na parte técnica, ou seja, os instrumentos eram bem construídos, mas todo o restante que envolvia o administrativo e pós-venda (como assistência técnica, por exemplo) era um caos.

Àquela época, optei em arriscar, pois somente havia como original o modelo importado de luthier. Porém, quando retornei à loja, cerca de uma semana depois, cadê o produto? Falei com o vendedor e ele, discretamente, comentou que a marca estava dando problema e optaram em não mais vender produtos daquele fabricante. Realmente, nunca mais encontrei Walczak nessa loja.

Em setembro deste ano, fuçando nos sites de fabricantes de guitarra, eis que encontro um excelente site da Walczak, de fácil navegação, boas fotos e, para minha surpresa, COM VENDA DIRETA AO CONSUMIDOR e, acima de tudo, opções de produtos em Custom Shop. Depois de bem avaliar, motivado pelos vídeos do Sr. Leandro Walczak, optei em comprar primeiro o tal  Discovery (normal, de linha) e, acabando de pagar esse, fazer uma GT-500 (Telecaster) customizada, cujo projeto encontra-se pronto e arquivado.

Leandro Walczak, o dono da marca

Fechei o pedido por e-mail e confirmei por telefonema do Sr. Alessandro, de vendas. Pensava em pagar á vista, porém, por sorte, optei em fazê-lo em seis vezes, pois o que seria uma alegria está se tornando um pesadelo. Conforme orientado pela Viviane do financeiro, fiz o depósito da primeira parcela dia 17/10/12 e recebi um Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE) confirmando minha compra nesta mesma data.

O pessoal de vendas havia me informado, e consta em e-mail, de que a entrega que seria em 18 dias úteis, porém, poderiam demorar uns dias a mais, pois estavam com problemas de liberação de componentes importados. Comentei que estaria de férias de 05 a 14/11 e poderiam deixar a entregar programada entre essas datas, que, em vez de transportadora, eu mesmo pegaria o instrumento junto à fábrica. Nesse ínterim, deram uma posição que teriam  liberados os componentes e que aguardasse posição de entrega.

Para encurtar a história: hoje é 20/12/12, ou seja, mais de 60 dias do pedido feito, 52% do valor pago e NADA DO MEU VIOLÃO. Telefono, pedem para deixar recado, anotam o número do meu telefone e não retornam. A equipe de vendas? Sumiu. Não respondem e-mail e, pior, quase nem atendem o telefone  porque, com certeza, não sou o único a ligar reclamando.

E ainda jogam o rojão para uma moça que, segundo ela, "é responsável pelas entregas", me disse QUE SOMENTE VÃO ME ENTREGAR O VIOLÃO EM JANEIRO, ou seja, com 90 dias de pedido e 68% do produto pago (e será mesmo que vão entregar?).


O mais irônico é que, segundo a Sra. Viviane, do financeiro, os títulos "são negociados com empresas que fazem parte do nosso grupo" e o boleto de cobrança em nome de Leon Goldberg (factoring puro) avisa para "PROTESTAR APÓS 05 DIAS ÚTEIS DO VENCIMENTO", além de multa e juros. Outras empresas, como a Cássia Confecções Ltda - ME, também fazem parte do grupo.

Honestamente, nem mais sei se quero o tal Discovery, porém, cancelar a venda significa não ver meu dinheiro de volta e ter problemas com o Sr. Leon Goldberg com quem, juro por tudo o que é sagrado, não negociei nada. Já vivi outra situação similar no passado, com uma fabricante de móveis em São Caetano, e que acabou na Justiça, o que acredito será o destino da minha aventura Walczak, porque não acredito nem mais que vão me entregar o produto, a confiança no fabricante agora é zero.

Em suma: estão vendendo, fazendo factoring, ou seja, negociando os títulos dos consumidores otários e tentando "empurrar as entregas com a barriga", o que é um alto risco de administração.

Portanto, vai aí meu alerta para o consumidor que pesquisa produtos e fabricantes pela internet: fiquem espertos com as compras diretas pelo site Walczak: as coisas por lá, continuam como eram antes, quando ainda outra marca (pelo que li nos fóruns).

E, no site, uma beleza, continuam vendendo normalmente. Aumentaram os prazos e os preços e... factoring no consumidor. Que vão descontar seu título, com certeza; que vão te entregar (?)... bom, isso já é outra história.



terça-feira, 20 de novembro de 2012

14ª Viola nas Montanhas

Estive neste mês de novembro visitando uma simpática figura lá em São Francisco Xavier (cerca de 50km de São José dos Campos): o Braz da Viola, que me recebeu com sua cordialidade interiorana.


Quem tem algum contato com a verdadeira música de raiz, provavelmente conhece o Braz, pois ele tem uma longa história musical, com gravações de discos solo, grupos instrumentais, montagem de orquestras de violas, farto material didático, apresentações várias, enfim, uma vida dedicada à verdadeira música caipira.

Mais o assunto hoje é mais o encontro que o Braz realiza anualmente lá em SFX, o Viola nas Montanhas, que já se encontra em sua décima quarta edição.

Clique para ampliar

Este curso de férias, que dura uma semana, é limitado a 20 pessoas, atende violeiros de todos os níveis, pois existe distribuição em grupos e explicação bem detalhada, com a didática que o Braz desenvolveu ao longo de todos esses anos. Aliás, quem tiver interesse em material de estudo da viola, consulte o site do Braz, além dos livros normais pelas editoras, o violeiro tem publicações independentes, assim como DVDs, que podem ser adquiridos diretamente com ele (www.brazdaviola.com.br).


Em toda edição do curso existe um violeiro convidado que ensaia com o grupo algumas canções e, quando do encerramento do curso, acontece uma apresentação em algum lugar de destaque da cidade.

Neste ano, as inscrições para a primeira turma (13ª) esgotaram-se rapidamente e, devido à insistência de quem não conseguiu inscrição, o Braz acabou conseguindo organizar uma segunda turma. Aviso: vem violeiro do Brasil inteiro.

O evento, além de um curso, acaba se transformando em um congraçamento da música de raiz. Pelo que me foi explicado pelos donos da Pousada, é viola dia e noite. Após as aulas, as turmas se reúnem ao ar livre, espalham pelo amplo espaço da pousada e "tome" viola e cantoria. Tem um pessoal constante que já formou fortes laços de amizade, e o pessoal novo é sempre bem recebido.


Outra vantagem, que eu achei, é que o violeiro que quiser trazer a família, também pode. Enquanto o violeiro fica nos eventos de aprendizado, a família se diverte na aprazível Pousada São Francisco, que é simples, porém, muito bem organizada e com uma comida que dificilmente o hóspede terá do que reclamar.

Igualmente, a região é pródiga em rios e cachoeiras, havendo um desses riachos que corta a pousada a poucos metros dos chalés, onde se dorme escutando o quebrar das águas nas pedras e se acorda com o cantar dos passarinhos. Para quem gosta de interior, excelente pedida. E melhor, a Pousada se localiza ao lado da principal praça da cidade, portanto, bem no centro de SFX.

O valor do Viola nas Montanhas é bastante acessível por tudo o que oferece ficando claro que o principal objetivo não é o lucro, mas a divulgação da música feita e tocada com viola.

Edição com homenagem à convidada Inezita Barroso

Para quem gosta de tocar viola, e da vida interiorana, uma ótima pedia. Consulte o site do Braz, mas, se tiver interesse, não demore, pois o evento acontece agora em janeiro e, como ocorreu com a primeira turma, deve lotar também a segunda (e última) deste início de ano.

Aos amigos músicos, lembro que o Braz da Viola também é luthier e constrói violas de qualidade, para todos os gostos. Quem tiver interesse em conhecer, dê uma passada no site.

Finalizo deixando uma abraço ao Braz e ao Fred e Viviane, donos da Pousada São Francisco, que me receberam tão cordialmente. E para quem tem animal, a pousada não se incomoda em receber seu(s) cachorro(s).

domingo, 4 de novembro de 2012

O Carrefour da Conselheiro e o consumidor otário

Ao longo da vida tenho buscado me pautar pelo bom-senso que, como dizia Descartes, é o que do mundo existe melhor dividido (Discurso do Método), porém, algumas situações passam do limite, como essa que passo a comentar agora, e não tem jeito: tem de se fazer algo ou, no mínimo, divulgar.

Quem mora aqui em Santos, conhece o Carrefour da Conselheiro Nébias (ex-Eldorado). Como moro aqui perto, região repleta de moradores, nada mais óbvio que, em vez de pegar o carro e se deslocar para outros supermercados, a gente compre aqui perto mesmo. Porém, duas situações me incomodam profundamente quanto a esta unidade do Carrefour, e passarei adiante a comentá-las.


Primeiramente, declaro minha consideração por esta rede, pois, como trabalhei longos anos no varejo em São Paulo (Commerce Desenvolvimento Mercantil, Lojas Brasileiras, Still Eletrônicos etc.), lembro-me da primeira loja da rede, salvo engano, que foi no bairro ao lado de onde eu morava, logo após o Viaduto da Vila Maria, junto à Marginal Tietê (São Paulo). Igualmente, o seu critério de trabalho e preço que, na época, foi uma revolução em termos do que existia exigindo da concorrência um novo padrão de preço e atendimento.

Quanto a esta unidade daqui de Santos, próxima à praia, a primeira situação que me incomoda é o estado de sujidade das cestinhas plásticas, visto que não uso o carrinho deles, para compras maiores, levo o meu próprio, mas o carrinho grande se encontra na mesma situação: são muito sujos. Pior, para quem já andou vendo reportagens, verdadeiras fontes de contaminação. Por si só, ainda que higienizados, por serem de ampla e diversa utilização, já ofereceram riscos. Agora, se você não lavar, se deixar restos de ovos, de produtos de hortifruti, de produtos químicos que caem das embalagens, aí fica difícil. É ampliar, e muito, a possibilidade de contaminação. Tem de lavar, constantemente, e ir retirando aquelas que estão visivelmente sem condição. Tanto é que não faço mais compras usando carrinhos ou cestinhas cedidas por eles.


Já reclamei por três vezes. Cansei. Vou tentar denunciar agora para a semana. Se vou obter resultado, não sei, mas vou fazê-lo.

O outro ponto é quanto a marcação dos preços. Aí, sim, me perdoe a alta administração do Carrefour, mas não a desta unidade em específico: vocês estão pensando que o consumidor santista (e o turista) são otários. 

Com a estabilidade da moeda, os supermercados brigaram e optaram (como no caso das sacolinhas) em não marcar os preços individualmente. Ou seja, pararam como o clac-clac da etiquetadoras e começaram a marcar os preços nas bordas de gôndolas, com uma etiqueta maior.

Ocorre que, primeiramente, a quantidade de produtos sem preço é enorme, e o consumidor que quiser saber o quanto está pagando, que fique circulando pelo mercado, junto à algumas pontas de gôndolas existem leitores de barra que, parte deles, não funciona. Segundo NÃO SE RESPEITAM OS PREÇOS MARCADOS. Nessa unidade, têm-se "alguns hábitos" que somente posso chamar de má-fé: acaba-se um produto da promoção, põe-se outro no mesmo lugar (parecido, mesma marca), mantêm- o preço, e deixe por conta do consumidor (presta atenção, otário!).

E pior, como ocorreu hoje, duas vezes (no pouco que conferi), existe um preço na gôndola, trata-se efetivamente daquele produto, naquele peso e/ou medida, e no caixa registra mais caro. Óbvio que o consumidor preocupado em embalar e colocar as compras no carrinho deixa passar a quase totalidade disso despercebido.


E pior, existem cartazes de preço com produtos em promoção feitos à mão, por cartazistas (isso mesmo, cartazes de preço) e no caixa cobra-se o preço cheio, aliás, nesses casos, bem cheio mesmo. 

O pessoal local reclama que a situação complica principalmente nas férias e feriados e, como se dizia antigamente, onde tem fumaça tem fogo. Agora, se o consumidor é local ou turista, isso é indiferente, pois se trata de um cidadão brasileiro que recolhe seus impostos, arca com seus deveres e não deve, ou não pode, ser lesado, principalmente por empresas de grande porte que, a princípio, considera-se séria.


Se tal fato tivesse acontecido uma vez ou duas, ainda vai lá, se ninguém tivesse avisado (como já o fiz por mais de cinco vezes, além de outros que já presenciei), pode-se se considerar até descuido, porém, não me venham com conversa fiada, pois é fato constante, prática habitual desta unidade. Sei como funciona os critérios de avaliação dos funcionários e que os responsáveis por cada setor tem o compromisso diário, e contínuo, tanto de reabastecer as gôndolas quanto da remarcação dos preços (e as margens de lucro são checadas), e o gerente da loja tem a responsabilidade de fiscalizar. Ué, de reabastecer ninguém esquece, porém, de acertar os preços, retirar cartazes... acarretando erros sempre contra o consumidor, nunca ao contrário.

Sei que os gerentes das unidades são medidos por resultados, mas, camaradas aqui do Carrefour Conselheiro Nébias, por ser servidor federal, de órgão de defesa da classe menos favorecida, estou buscando denunciá-los aos órgãos competentes nesta semana. Se vai dar em alguma coisa, não sei, mas inicio a campanha a um grupo de amigos formadores de opinião, que aí está, para ver se algo muda.

Portanto, avisamos: CONSUMIDOR DO CARREFOUR CONSELHEIRO NÃO É OTÁRIO.
   

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eros e Psique, Fernando Pessoa


Olá, amigos, quem me conhece sabe que não sou de ficar publicando poesia no meu blog (nem minha nem dos outros), porém, esta é uma das minhas prediletas e vira e mexe volta à minha cabeça. É do grande Fernando Pessoa e travei conhecimento com este texto há muitos anos, a partir da declamação de Maria Bethânia gravada em um de seus discos (na época, ainda LP), e que era repetida em seus shows. A partir de então, retornei ao texto inúmeras vezes, em áudio e também nos livros do poeta português.


Então, vai o link aí em cima da excelente declamação da Bethânia, e o texto de Pessoa aí embaixo.

            EROS E PSIQUE
      Conta a lenda que dormia
      Uma Princesa encantada
      A quem só despertaria
      Um Infante, que viria
      De além do muro da estrada.

      Ele tinha que, tentado,
      Vencer o mal e o bem,
      Antes que, já libertado,
      Deixasse o caminho errado
      Por o que à Princesa vem.

      A Princesa Adormecida,
      Se espera, dormindo espera,
      Sonha em morte a sua vida,
      E orna-lhe a fronte esquecida,
      Verde, uma grinalda de hera.

      Longe o Infante, esforçado,
      Sem saber que intuito tem,
      Rompe o caminho fadado,
      Ele dela é ignorado,
      Ela para ele é ninguém.

      Mas cada um cumpre o Destino
      Ela dormindo encantada,
      Ele buscando-a sem tino
      Pelo processo divino
      Que faz existir a estrada.

      E, se bem que seja obscuro
      Tudo pela estrada fora,
      E falso, ele vem seguro,
      E vencendo estrada e muro,
      Chega onde em sono ela mora,

      E, inda tonto do que houvera,
      À cabeça, em maresia,
      Ergue a mão, e encontra hera,
      E vê que ele mesmo era
      A Princesa que dormia.

Quem quiser conhecer a lenda, basta pesquisar no Google, vale a pena (mitologia sempre nos surpreende).

Abraço aos amigos.




sábado, 15 de setembro de 2012

Duas perguntas (e nenhuma resposta) sobre futebol

Danilo
(clique e veja o brinquinho)
Ocorre o seguinte, nesses dias eu vi na televisão o jogador Danilo, atualmente no Corínthians, dando uma entrevista e rodeado de  repórteres. O que me chamou mais atenção, porém, é que sempre achei o Danilo, além de um excepcional jogador, um sujeito bastante sério e equilibrado e, para minha surpresa, ele estava de brinquinho e correntão de ouro, daqueles que estão acostumados a usar tanto os jogadores quanto os pagodeiros de plantão.

Confesso, tem uns jogadores que, em minha opinião, fogem da mediocridade que é o futebol, como sempre considerei este jogador a quem me refiro. Aliás, acompanho entrevistas do Danilo desde quando jogador do São Paulo Futebol Clube. Então, ao vê-lo embarcando nessa mesma onda, exclamei em voz alta: "Até tu, Brutus?".

Portanto, aqui vai a primeira pergunta:

Por que jogador de futebol gosta tanto de usar brinquinho?


Neymar Júnior

Léo Moura

Ronaldinho Gaúcho
Por favor, eventuais respostas podem ser postadas nos comentários.

A segunda questão é deveras interessante. Não sei onde nem por quê, algum jogador resolver tirar a camisa e começar a girá-la ao vento após marcar um gol, outros, a lançá-la fora, e tal procedimento se espalhou feito epidemia. 

Ballotelli
Em minha opinião, que curto futebol bastante de longe, é uma baita burrice, pelos seguintes motivos:

  • Por orientação da FIFA, o sujeito leva cartão amarelo;
  • Se já tiver um cartão amarelo, leva o segundo, portanto, toma o vermelho e é expulso;
  • Cada cartão implica um pagamento de multa;
  • E pior: no momento em que todas as televisões estão de olho (no momento do gol), exatamente nas cenas que serão repetidas inúmeras vezes, e em certos casos munto afora, o sujeito tira a camisa de modo a que NÃO APAREÇA O NOME DO PATROCINADOR TAMPOUCO O ESCUDO DO CLUBE.

Então, imagine, você patrocinador fecha um contrato de parceria com um clube, os jogadores se beneficiam disso, deseja divulgar a sua marca e, exatamente no momento de maior divulgação, de  mais pontos no Ibope, de forma ensandecida, o tal jogador joga a sua marca (e a do clube) ao léu, apenas para mostrar os músculos (?!).

Está lançado o segundo enigma, portanto, faço a seguinte pergunta:

Por que jogador gosta tanto de tirar a camisa quando faz gol?


Será que os clubes abatem essas multas do ganho do jogador? Duvido. Será que os patrocinadores não reclamam com os clubes? Acho estranho.

Jogadora da Colômbia
Até no futebol feminino a moda já pegou, apesar delas usarem um protetor de seios (foto acima). 

São duas questões que, honestamente, me intrigam e peço ajuda aos visitantes do blog que me ajudem a esclarecer.

  
Bastian Scheinsteinger

E, para finalizar, quanto aos brinquinhos, para quem tiver interesse, deixo abaixo o modelo que encontrei no Mercado Livre, recomendado "para jogadores e para pagodeiros".

Aliás, com o frete grátis.


 Por hoje, é só. Abraço aos amigos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre o amor e o amar



Amar é verbo. Diz a gramática que verbo é palavra variável que indica um processo, isto é, aquilo que se passa no tempo. Sendo assim, os verbos têm aspecto dinâmico, ao contrário dos nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) que, ao representarem o mundo dos objetos, têm um aspecto estático. Os verbos podem indicar, também, estado, existência, fenômeno da natureza etc.
Temos o hábito, porém, de pensarmos a palavra “amar” como a citada imagem estática — talvez pelo fato de “amar” ser um verbo transitivo direto, quem ama, ama alguma coisa ou alguém. Assim: João ama Maria (ponto). Note o parecer estático da frase. Parece indicar apenas um estado, como fosse verbo de ligação. Exemplo: Joana está bonita. Pronto, indicou um estado, portanto, seu sentido é estático.
“João ama Maria” vai passar rapidamente para o pretérito se João, ou Maria, continuarem considerando o referido verbo como de ligação. Passará, então, a frase para um “João amava Maria”, indicando novo estado — paixão que se estendeu no passado, agora em situação acabada, de abandono.


“Amar” é parecido, como processo dinâmico, com o verbo “alimentar”. João alimenta Maria (ponto). Agora, sim, temos uma visão melhor do significado de amar. Alimentar é algo que ocorre, em média, três vezes ao dia: café, almoço e jantar. Normalmente ainda damos umas beliscadinhas entre as refeições e buscamos sempre, geralmente aos domingos e festividades, uma mesa farta que nos satisfaça além da necessidade habitual. Ora, se apenas uma dessas citadas refeições nos é suprimida sentimos uma sensação de mal-estar, o que dizermos então de várias dessas refeições suprimidas sucessivamente dia após dia, meses após meses? Evidentemente sentiremos fraqueza e nosso estado físico passará de uma condição saudável a uma condição de subnutrição. Haverá uma deficiência calórica, a saúde será comprometida e, provavelmente, chegará o indivíduo à morte.
Assim é o amor. Quando estabelecido entre duas pessoas, um processo de dupla alimentação, de querer bem, de tratar bem ao outro, de um tanto ser nutrido quanto nutrir ao outro. No mundo dos negócios, a essa característica, dá-se o nome de negociação ganha-ganha. Em outras palavras, ambas as partes lucram. Na biologia, chamamos por simbiose. Não importa se um lucra um pouco mais, se o outro lucra um pouco menos; o que importa é que eles se complementam e garantem o benefício mútuo da associação.


O conceito de amor sofreu profundas variações ao longo da história humana; desde o primal “possuir por instinto” passando pelo conceito da pura conveniência social. Mantém-se, porém, um elemento básico em tudo isso: somos animais sociais, necessitamos uns dos outros. Quanto ao homem e à mulher, essa necessidade atinge patamares psíquicos e emocionais, além do tradicional físico — não querendo me estender em assuntos místicos.
Desde o final do segundo e início de terceiro milênio, estamos sendo assolados pela ruptura dos conceitos e padrões socialistas, caindo por terra o sofrido e conquistado meio-termo: o que poderíamos chamar de social-democracia. O capitalismo assumiu a hegemonia sobre os fatores que envolvem uma sociedade, como: decisões econômicas, políticas, mídia, hábitos, costumes, tudo digerido pela gigante máquina de triturar que é o atual consumismo acelerado. A necessidade desenfreada de acumulação de capital levou o homem a um processo de acirramento da disputa, de um processo de globalização que atende aos grandes interesses econômicos de acumulação de capital, deixando o elemento homem, e valores sociais, renegados a segundo plano. A ideia vendida de globalização e o pseudo cooperativismo inibe e traz retrocessos a anteriores conquistas sociais, ampliando o fosso entre ricos e pobres ocorrendo mais e mais a imbecilização da classe proletária.
Ao amor, dentro da sociedade acima descrita, cabe um novo papel: ser substituído por um conceito mais comercial: sexo. Um produto que, com certeza, gera grandes receitas e, consequentemente, maior acúmulo de capital. Em resumo, o amor virou mercadoria.


O homem deste início de terceiro milênio me parece muito com aquele homem barroco, que se encontrava sempre em conflito, dividido entre formas opostas de pensar: o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista. A tecnologia, as mudanças provocadas pela informática e biotecnologia deram respostas produtivas, mas não morais, e tampouco espirituais, em relação às necessidades do homem contemporâneo. E é nessa busca conflitante que nos encontramos, beirando a demência e o surrealismo. Produzimos, destruímos, poluímos, mas defendemos a preservação do meio-ambiente. Acreditamos que é preciso fé religiosa, mas transformamos as igrejas em grandes centros de acumulação de capital — de modo que elas não correspondem mais aos nossos anseios espirituais. Criamos mecanismos para ditar melhor colaboração entre os países, mas ampliamos cada vez mais o fosso econômico entre nações ricas e pobres. Dizemos que é preciso cuidar dos menos favorecidos, mas não damos mais nem atenção aos nossos próprios filhos. Dizemos buscar alguém que nos complemente, mas, na prática, almejamos emoções, aventuras e toda espécie de prazer sexual que possa satisfazer, ainda que por curto espaço de tempo, a essa nova necessidade imposta por um mundo individual e consumista.
Para suprir tantas necessidades que deixam de ser latentes a cada momento, temos de ter sempre novos produtos que atendam essas emoções. Televisores de telas grandes, videogames, computadores de última geração, aparelhos de realidade virtual, novos modismos e novos ídolos musicais, entretenimentos diversos, enfim, produtos dos mais diversos tipos que possam ser encontrados no grande supermercado que virou o nosso dia a dia. O importante é o consumo rápido, fast e junk food, descarte das antigas e busca das mais recentes necessidades criadas por um sistema que nos bombardeia com o já conhecido mote: consuma, seja alguém, consuma.


A tentativa da prática do amor, no panorama atual, fica restrita à insistência de alguns poucos; como o conhecimento guardado pelos sacerdotes ao longo do obscuro período da Idade Média. Até que novos tempos os tragam de volta, à luz. Ainda assim, por mais que se resista, até para esses tolos incorrigíveis, é difícil resistir a não adaptação do bom e velho amor a certos requintes da modernidade. 


terça-feira, 4 de setembro de 2012

A pizza ruim de português

Indicada por um amigo, entrei na internet e fiz o pedido. Tudo como uma pizzaria deve ser: opção variada de sabores, qualidade compatível com o preço, atendimento rápido, pagamento em maquininha que trouxeram até minha residência, massa de qualidade, cobertura farta e saborosa.

Tudo caminhava bem, até o momento em que ao trazer à boca um pedaço da especial de abobrinha, eu olhei para a caixa e percebi uma informação ao consumidor sobre o horário de funcionamento, em que literalmente se lia:

Aberto de Segunda a
Segunda, de 12 às 00hs


Bom, ocorre que em tão curta mensagem existe um daqueles joguinhos dos 7 erros. Vamos encontrá-los?!



Em português, quando não iniciando período, os dias da semana e os meses devem ser escritos com letras minúsculas. Para quem estuda inglês, relembro, eles escrevem os meses e os dias de semana iniciando com maiúsculas, porém, em português, minúsculas sempre. Portanto: "Aberto de segunda a segunda".

A outra questão é sobre a grafia das horas, porém, já postei aqui mesmo no blog artigo a esse respeito, e sobre as unidades de medida em geral. Portanto, vou retomar o tema por cima, quem quiser saber mais, clique em http://marciocallegaro.blogspot.com.br/2012/03/como-escrever-as-horas-e-os-minutos.html. As unidades de medidas NÃO LEVAM "S" NO PLURAL, portanto: 3h, 9h, 12h, 23h etc.

Igualmente, no caso de zero hora, é 0h mesmo, não precisa repetir o zero, não existe valor para o zero a esquerda, assim como as pessoas grafam indevidamente os dias  02, 05, 08 etc. Não há necessidade. Por exemplo 2 de fevereiro e não 02 de fevereiro. Inclusive, as gramáticas e os manuais de redação (como a da Presidência da República) assim o indicam.

Outro problema que pouca gente se atenta é o seguinte: 24h e 0h, tecnicamente, é o mesmo exato momento (meia-noite).  Vou dar um exemplo real, e que me confundiu muito quando adolescente. Na minha certidão de nascimento diz que eu nasci às 24h do dia 12 de julho. Ora bolas, eu nasci de 11 para 12 ou eu nasci de 12 para 13?

Então, a gente grafa assim: quando se quer destacar a hora em que tal dia se inicia, grafa-se 0h; quando se quer destacar a hora em que tal dia termina, grafa-se 24h. Portanto, o dia 12 de julho começa às 0h e termina às 24h. Entendeu? Portanto, eu nasci na passagem de 12 para 13 de julho.

É simples, mas a mente da gente dificilmente se atenta para o fato, por isso se confunde - como se atrapalhou quem redigiu tal informação na caixa da pizza.

Então, o estabelecimento comercial fica aberto das 12 às 24h, porque o tempo vai para "a frente" e não volta "para trás".


O outro problema é uma situação de crase que pouca gente conhece (atenção concurseiros), e que vou começar explicando que crase é o encontro do "a" artigo com o "a" preposição, logo, precisa haver esses dois "as" para que a crase exista. Até aí, nenhuma novidade.

"Da", é a junção da preposição "de" mais o artigo "a". Portando, quando escrevemos "de", não existe o artigo; quando escrevemos "da", existe o artigo aí embutido.

Por consequência, se você escreve "de 12h as 24h", não se leva a crase porque, por paralelismo, se você não usou o artigo junto à preposição, também não deve usá-lo no restante da expressão. Então, não existe mais o encontro dos dois "as" e não deve haver crase. O  inverso é igualmente verdadeiro: "das 12h às 24h", porque você usou o artigo no primeiro termo, então, vai usar também no segundo, acarretando o encontro dos dois "as", portanto, crase.

Ainda tem dúvida? É fácil, basta seguir a regra de ouro da crase (que tudo mundo já aprendeu na escola): troque a palavra feminina por uma masculina e veja se aparece "ao" (preposição + artigo masculino). Uma palavra qualquer, não precisa ser necessariamente sinônimo ou, como em nosso caso, não precisa ser número. Vou inverter as horas para o leitor notar melhor: meio-dia é masculino (o meio-dia) e meia-noite é feminino (a meia-noite).

De meia-noite a meio-dia (não apareceu ao)

Da meia-noite ao meio-dia (apareceu o ao, logo, crase)

Paralelismo gramatical significa, em nosso caso, se você usou determinada estrutura no primeiro termo  de uma expressão, por paralelismo, deve repetir no segundo termo para dar coerência. Funciona assim também para as orações. Quem tiver dúvida, sugiro procurar em sua gramática ou jogar no Google.

Portanto, para os dizeres da caixa de pizza, o correto seria:

Aberto de segunda a
segunda, de 12h a 24h


ou

Aberto de segunda a 
segunda, das 12h às 24h


Opto pela segunda, porque soa melhor: "das doze horas às vinte e quatro horas" ou, melhor ainda, a gente interpreta direto, "do meio-dia à meia-noite".

E a postagem de hoje, amigos, certamente acaba em pizza.




domingo, 12 de agosto de 2012

Aprender a escrever a partir da leitura

O assunto que abordo hoje considero simples, porém, de fundamental importância porque podemos aprender (e muito) a escrever partindo-se daquilo que se lê. Porém, em nossa prática diária, pouco sabemos ou aproveitamos desse fato, até por desconhecermos alguns princípios básicos.

Gostaria de iniciar dizendo que cada leitor é um leitor diferente, porque cada um tem diferente conhecimento de mundo dentro de si, também, diferentes interesses ou envolvimentos com a leitura. Porém, em termos didáticos, costuma-se dizer que a leitura possui três níveis básicos de configuração: sensorial, emocional e racional.


Sensorial é o primeiro contato com o livro, a decodificação de palavras (tinta preta sobre o papel branco) quando usamos a visão, o tato, a audição etc. tanto para o livro físico quanto para as palavras decodificadas. Emocional é o seu envolvimento com a narrativa, com as personagens, com a situação; é o rir ou chorar, a viagem literária (ir com o texto). Racional é quando, passados os níveis anteriores, o leitor toma o texto como base para reflexão, seja ela social, literária ou de que natureza for. Em outras palavras, passado o envolvimento emocional com o texto, aplica-se a frieza do raciocínio para melhor compreender os elementos que nele atuam, e dessas avaliações busca-se tirar algum proveito.

Evidentemente existe interação entre os diversos níveis de leitura, eles não são tão separados assim, porém, é certo, somente a releitura permite uma análise mais racional, pois, passado o impacto inicial, estamos mais à vontade para racionalizar sobre o texto. E podemos agora fazê-lo de acordo com o interesse específico do momento de modo que novos conhecimentos e estruturas sejam absorvidos a cada releitura, verificar como cada peça é encaixada. Vou exemplificar.


Suponhamos que você, leitor-escritor, se interesse pela escrita de Machado de Assis, que o tenha como modelo e que deseje absorver um tanto de suas técnicas de escrita, seja dos contos, crônicas ou romances. Primeiro, selecione o texto desejado (o todo, capítulo ou trecho); depois, leia-o de forma desinteressada, de forma lúdica mesmo, isto é, envolvendo-se com a história, deixando-se levar, rindo e/ou se emocionando com as respectivas passagens.

Assim feito, releia o texto, porém, desta vez, decodificando os elementos da narrativa: tempo, espaço, personagens, conflitos, complicações, peripécias etc.; faça anotações. Já nesta leitura, o texto começa a tomar outra forma, você começa a vê-lo com outros olhos. Agora, faça nova releitura e verifique como o autor realiza as descrições, quais substantivos usa; quando usa, ou não, os adjetivos; opta por frases curtas? longas? coordenadas ou subordinadas? Quais os verbos que mais utiliza para a narração? Faz uso de quais verbos dicendi? Quem é o narrador? Narra no pretérito, no presente? E por aí vai.

Depois, nova leitura, verifique as figuras de linguagens, as metáforas, as símiles, as antíteses, as personificações etc. E perceba como uma narrativa se desenvolve em cena (passagens narradas em  detalhes) e sumário (cortes bruscos com passagens longas de tempo, sem detalhamento); perceba como o texto se desenvolve de modo a prender emocionalmente o leitor em seus braços.

Portanto, para se compreender racionalmente um texto de modo a dele tirar proveito em termos de aprendizado de escrita, devemos "descascá-lo" com a uma cebola, camada após camada, buscando a sua essência, indo em direção ao seu âmago.



O leitor-escritor que assim o fizer, certamente, dará saltos notáveis em sua escrita, principalmente identificando entre os clássicos aqueles com mais se identifica. E não se preocupe que isso seja uma "espécie de plágio", porque a voz interna de cada escritor é única. Portanto, trata-se apenas de excelente aprendizado porque nada do que escrevemos é realmente nosso, mas estamos inseridos num contexto histórico-social do qual não fugimos e toda escrita se mantém por meio da tradição, do dialogismo, porém, sobre esse assunto já escrevi um  outro artigo que se encontra postado aqui no blog.

Abraço, faça detalhadas releituras e boa viagem com sua escrita.


terça-feira, 10 de julho de 2012

"O Menino da Porteira" e coloquialismo

Ando estudando um tanto sobre música e, sem sombra de dúvida, dentro do cancioneiro popular de nosso país, posso afirmar que "O Menino da Porteira" é um clássico, talvez, a nossa música de raiz mais conhecida e tocada. Já foi gravada por grande número de duplas sertanejas e cantores, como Tonico e Tinoco, Sérgio Reis ou, mais recentemente, pelo cantor Daniel (existindo, que eu saiba, dois filmes criados a partir da música). Porém, gostaria de dar crédito a seus compositores: Luizinho e Teddy Vieira (já falecidos). Pelo que pude descobrir, a primeira gravação foi feita por um de seus autores, que pertencia à dupla Luizinho e Limeira.


Quem não conhecer, ou não se lembrar da música, posto aí embaixo uma gravação da Cultura, lá pelos idos  de 1980, com a dupla Luizinho e Limeira.


Porém, o assunto aqui é outro. Esta música, em minha opinião, contém algumas curiosidades como trechos em discurso direito, o que é incomum em letra de música. Explico melhor. Dificilmente coloca-se a fala da personagem diretamente numa letra de música, porém, neste caso, por se tratar literalmente de uma narrativa, uma história do interior sendo contada ao ouvinte, os autores assim o fizeram. Vejamos, por exemplo, como o próprio menino se expressa na gravação original:

"Toque o berrante, seu moço, que é pra mim ficar ouvindo".

ou

"Obrigado, boiadeiro, que Deus vai lhe acompanhando".

Ou mesmo adiante na música, quando a mãe do menino fala:

"Boiadeiro, veio tarde, veja a cruz no estradão / Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração".

Se o leitor tiver curiosidade em ouvir alguma das gravações mais recentes, as duas falas do menino foram corrigidas quanto a sua linguagem popular.

"Toque o berrante seu moço, que é pra eu ficar ouvindo".

ou

"Obrigado, boiadeiro, que Deus lhe acompanhando".

Coloco aí embaixo a gravação com o Sérgio Reis, mas poderia ser outra, como a do Daniel, por exemplo, e, novamente, a modificação pode ser observada.


Não quero aqui neste momento me estender sobre aspectos da gramática normativa, até porque as duas alterações efetuadas dão maior apuro à letra, porém, pergunto: seria esta mesmo a fala de um menino do interior, no meio de uma fazenda, ainda mais lá na década de 50?

Os autores, no original, ao escreverem a música, captaram todo o ar interiorano, seus aspectos mais puros, assim como Guimarães Rosa ou Graciliano Ramos, por exemplo, introduzem elementos de coloquialismo no discurso direto das personasgens. Óbvio que, na narrativa, ao serem descritas as situações, procura-se manter o apuro da língua, porém, o mesmo não se faz necessário quando dentro do discurso direto, ou seja, da transcrição direta da fala da personagem, principalmente das camadas mais populares.

Deixo ao leitor a escolha de qual seria a melhor forma de se cantar esta música: com a fala típica do menino interiorano ou do português da norma culta (o politicamente correto). E, para quem não conhece, posto aí embaixo a foto do monumento erguido em Ouro Fino (MG) em homenagem a "O Menino da Porteira".



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ela voltou, a sacolinha voltou novamente...

Bom, pessoal, quem olhar nas postagens passadas irá encontrar dois artigos sobre as sacolinhas plásticas e, por mais uma vez, achei por bem retomar o assunto. O motivo é simples, além da abertura da Rio+20, o Conselho Superior do Ministério Público (MP) publicou exatamente hoje decisão de que os supermercados não devem repassar ao consumidor o ônus de ter de arcar com a proteção do meio ambiente, ou seja, os lojistas vão ter de encontrar alguma alternativa e não simplesmente cobrar pelas sacolas. Nesta decisão, os promotores afirmam que os supermercados ficaram livres do custo de fornecimentos das ditas cujas, passando a cobrar por embalagens reutilizáveis, porém, sem deduzir os gastos que tinham dos preços dos produtos. Dito e feito: igualzinho ao que comentei aqui no blog.


Fico feliz porque é mais uma falácia que foi e está sendo contestada, o consumidor se uniu, gritou, esbravejou e alguma ação foi tomada. No geral, o brasileiro está deveras cansado de levar a pior ou de lhe ser repassado os custos da nossa ineficiência.

Do meu lado, vou continuar levando meu carrinho às compras, não fazendo uso das benditas sacolinhas, porém,  jogando o lixo em sacos plásticos mesmo, quem puder me informar algum meio alternativo e prático, por favor, me fala. E vou continuar aguardando novas medidas para preservação do meio ambiente, principalmente a coleta seletiva de lixo aqui no Boqueirão de Santos, além de outros bairros. No Gonzaga, já vi os novos coletores de lixo (como grandes carrinhos), em duas cores, abóbora e verde, reciclável e orgânico, agora, só falta atravessar o Canal 3. O futuro está no desenvolvimento sustentável e na reciclagem.

Acho que é isso, apesar de não ser fã das sacolinhas, de saber que plástico é poluente, que demora para se degradar, não adianta vir com conversa fiada para cima da gente que o pessoal chia mesmo. E muito.

Acho que era isso. Parabéns ao MP e abraço a todos.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

"Auld Lang Syne" ou, se preferir, "Farewell Waltz"


Durante um bom tempo mantive uma assinatura no final dos meus e-mails, de autoria própria, que era a seguinte: "Faço arte porque sou teimoso". Recordo-me de um ou dois amigos comentarem o fato e sugerirem algum remendo ideológico (algo como se a arte fosse superior a questões econômicas ou mesmo àquelas do nosso dia a dia).

O que talvez me difira das pessoas com quem convivo diariamente, e que lidam com arte (sem que este "diferir" tenha qualquer sentido de superioridade), é que tive formação anterior em Marketing e trabalhei por longos anos como Gerente de Produto em grandes empresas do varejo, as maiores do mercado. Portanto, vivia do resultado mensal, isto é, um número enorme de pessoas dependia daquilo que meu setor conseguisse desempenhar, muitas vezes, o próprio resultado comercial da empresa. E a pressão, evidentemente, não era pouca, a ponto de ter tido úlcera aos 28 anos e, aos 35, ficar internado por 4 dias no Hospital Samaritano, em São Paulo, a fim de fazer uma bateria absurdamente grande de exames.


Tudo isso fez com que, ao longo dos anos, eu desenvolvesse um pensamento de que seu trabalho precisa necessariamente obter resultado, e o resultado, geralmente, é medido pelo retorno econômico que ele possa dar. Porém, ainda assim, considero que certas conquistas, principalmente aquelas de cunho pessoal, ainda que não resultem retorno econômico, possam ser consideradas grandes conquistas, conquanto improdutivas economicamente. Aliás, não medir meu desempenho ou meu resultado de vida por meio do quanto recebo de retorno econômico sempre foi, no passado, minha tônica de vida. Porém, desde 1997, mudei bastante essa forma de pensar.

Quando vim para Santos, aliás um dos principais motivos para a decisão de morar aqui, foi o investimento no segmento da arte. Para tanto, optei em sair do varejo, reduzir meu ganho profissional (recusando trabalhos em cidades outras do Brasil) para atuar na área pública, ainda que ganhando nominalmente um terço do ganhava antes (isso mesmo, acredite se quiser, mas é fato). Inicialmente, optei em desenvolver a dramaturgia; depois, outros gêneros foram se somando, porém, todos eles, com pensamento profissional. Aliás, sobre esse último termo, gostaria de me estender um pouco.

Na minha cabeça, e no dicionário, profissional se opõe a amador. Explico melhor: profissional é aquele que tem determinada atividade COMO FONTE DE RENDA, ou seja, vive daquilo, do que produz. Em oposição, amador é aquele que exerce determina atividade por prazer (puro diletantismo)  E NÃO POR PROFISSÃO.

Improvisando: a gente sempre dá um jeito

Para tanto, para me profissionalizar, gastei (e tenho gasto) na minha formação acadêmica, assim como na divulgação de meu trabalho. Estou certo de que os amigos mais próximos sabem do meu esforço em realizar o melhor trabalho possível, assim como meu comprometimento naquilo que faço.

Ocorre que, infelizmente, as decepções têm sido uma constante além do retorno econômico estar exaustivamente no vermelho, ou seja, continuo gastando daquele um terço do que ganhava, sacrificando minha vida pessoal, para continuar mantendo minha atividade artística. E continuo não recebendo pelo que produzo ou já produzi. Resultado: cansei.

Não tenho vocação para Kafka, que manteve até o final seu compromisso com a arte, porém, bancado pelo pai, pela quase totalidade do tempo e, quando tentou se libertar economicamente, morreu tuberculoso, trabalhando como garçom em bares de segunda categoria, e ainda teve de ser trazido de volta para casa, pelo tio, a fim de que, pelo menos, tivesse uma morte digna. Sigo a cartilha da  Dercy Gonçalves: dispenso homenagens póstumas.

Túmulo de Franz Kafka (Praga, República Checa)

Vou continuar estudando, me preparando (cada vez melhor) para trabalhos remunerados. Pretendo participar de workshops no exterior (gasto de U$ 4,000) e mestrado também por lá (U$ 12,000 tuition), quem puder me indicar algum mecenas, agradeço. Enquanto isso, deixo com os amigos uma canção antiga, que, quando criança, escutava em um velho disco de 78 rpm na casa do meu avó, que ainda tinha daquelas antigas radiovitrolas (risos). Por aqui, é conhecida por Valsa da Despedida, gravada pelo Francisco Alves em dueto com a Dalva de Oliveira.

http://www.youtube.com/watch?v=nd2o6h-vm6w

O original intitula-se Auld Lang Syne (Farewell Waltz) que foi trilha sonora do filme, ainda em branco e preto, Waterloo Bridge, cuja música, além das belíssimas cenas, pode ser conferida em:

http://www.youtube.com/watch?v=eG3afAIi6IQ&feature=related

E para aqueles que pensam que somente me ligo nessas músicas (e filmes) porque estou ficando velho (o que não deixa de ser  um fato), deixo aqui a versão comemorativa pop-dance de Auld Lang Syne gravada pela  Mariah  Carey.

http://www.youtube.com/watch?v=Aop6YF1Xqqg

A escolha, fica a seu encargo.

sábado, 26 de maio de 2012

Entre o Sonho e a Realidade

Olá, pessoal, tive a oportunidade de estar ontem à noite (sexta-feira, 25/6/12) no novo O Bar Almanaque, o qual se encontra, agora, no Gonzaga, Rua Euclides da Cunha, 97, no mesmo prédio do  Conservatório Gilberto Mendes. O evento que aconteceu por lá foi o lançamento do quarto livro de poesias da Regina Azenha, uma artesã e poeta muito conhecida aqui de Santos e região.


O evento foi deveras agradável, com o som ao vivo de Luiz Cláudio de Santos que, aliás, acaba de lançar CD autoral. Com a assessoria de imprensa de André Azenha (com quem Regina divide o livro anterior Poesia a Quatro Mãos), o evento foi bastante concorrido, com representatividade de vários segmentos culturais daqui da Baixada. Aliás, mérito seja dado: no geral, a imprensa de Santos tem divulgado fartamente os eventos da área cultural, tanto a mídia impressa quanto a televisiva, das quais posto apenas uma das notas aí embaixo. Em breve, a Regina deve divulgar as entrevistas dadas à televisão.

Clique na imagem para ampliar

O livro intitula-se Entre o Sonho e a Realidade, com capa do artista plástico Waldemar Lopes e prefácio de minha autoria. Desde o convite feito por Regina para que eu prefaciasse o livro, fiquei muito lisonjeado, tanto pela amizade de Regina quanto pela sua qualidade poética, por ser autora que põe o coração na ponta da caneta. Então, poder participar  desse momento especial na vida de Regina Azenha, também ao lado de Waldemar Lopes, é motivo de satisfação e orgulho, um desses momentos em que a gente vê o esforço no aprimoramento técnico recompensado.


O livro conta com o apoio dos sites CineZen, Culturamente Santista e, também, de O Bar Almanaque. No lançamento, também da Vídeo Paradiso.

Pessoas de qualquer região do Brasil interessadas em adquirir o livro podem entrar em contato com a autora: www.reginaazenha.com ou via Facebook.