terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Elementos da narrativa: conflito

Toda narrativa contém elementos básicos que a constituem. Entre eles, os principais: narrador, personagem, tempo, espaço, conflito e enredo. Porém, neste artigo de hoje, quero me deter um pouco mais nesse penúltimo.

Quanto ao conflito, lembro-me bem de minha primeira experiência mais longa com a escrita. Tinha entre 16 e 17 anos e, durante as férias, uma amiga procurava alguém para ajudá-la em um trabalho de português, ou melhor, para fazê-lo: escrever um livro. Não precisava ser um romance de 500 páginas, mas algo que pudesse se chamar de livro, e ela dizia não reunir condições de fazê-lo. Eu me predispus, e o fiz.

Foi um caderno brochura, com 100 folhas, preenchidas cuidadosamente, porém, ao longo da história algo me incomodava, e eu não sabia precisar o quê. Contava a história de um rapaz, de nome Fabiano, que perambulava pelos bares à noite, curtia um tanto da natureza quando de dia, mas... e aí?! Confesso que o livro até que foi bem escrito para alguém daquela idade, depois datilografado e encadernado pelo pai da moça, porém demorei anos para entender o que faltava naquela narrativa. E era conflito.


Para que uma narrativa se sustente, para que prenda a atenção do leitor, o conflito se faz necessário, ou seja, alguém desejar algo e alguém tentar impedir esse algo. Daí, temos a noção básica de protagonista e antagonista, que trabalharemos melhor noutro dia.

Nesses casos como de meu livro, até que cairia bem um conflito psicológico, o que não saberia como desenvolver àquela época, e que certamente daria até que certa graça à narrativa.

Como vim para a escrita meio pelo avesso, a partir do teatro, aprendi logo de cara: não existe dramaturgia sem conflito. Drama é ação, conflito, fora disso, difícil prender o espectador aos acontecimentos do palco. E no teatro, a história é contada por meio do diálogo. Aí vai uma dica para os romancistas: quer aprender a escrever bons diálogos? leia boas peças teatrais, de preferência, escrita por autores nacionais (nada de tradução).

Outra dica (de ouro) para a escrita de diálogos: leia-os em voz alta, corrija e corrija, até soar com naturalidade.

"Como desenvolver o conflito" devo falar algo quanto escrever sobre a construção de personagens, OK?! Porém, lembre-se dessa regra: sem conflito o texto empaca em seu desenvolvimento, fica pálido, enfraquecido, perde a graça.


E, para finalizar, o professor descobriu de pronto que o texto não era da moça. Não me lembro da nota que ela recebeu, mas, certamente, gerou conflito.

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